18 junho 2008

O ardor das lágrimas

Sempre que esta distância se impõe
vejo dentro de mim um vazio tão negro
tão fundo
e julgo cair para dentro dele
para dentro de mim mesma

neste vagar de horas interrompidas
espero silenciosamente
uma solidão que me redima
poder sentir no peito a palavra que murmuras
para lá do ardor das lágrimas

Onde quer que o encontres

Onde quer que o encontres -
escrito, rasgado ou desenhado:
na areia, no papel, na casca de
uma árvore, na pele de um muro,
no ar que atravessar de repente
a tua voz, na terra apodrecida
sobre o meu corpo - é teu,

para sempre, o meu nome.

Maria do Rosário Pedreira, Nenhum Nome Depois