10 julho 2008

As palavras dos teus olhos

Trago-te no correr dos dias na curva dos ombros
nas palavras dos teus olhos quando me observas deitada sobre a cama
trago-te no silêncio espesso da noite
ou na voz que me embala junto ao teu peito

o dia morre para lá desta janela
e no reflexo do vidro vejo o rosto que dizes surgir das sombras
quando menos espero

tenho a juventude nas pontas dos dedos
reinos de lucidez e sabedoria
a respiração demorada dos sonhos por sonhar
e um murmúrio surdo dentro de mim que te pede que me guardes
ainda que tudo se desmorone

trago-te em mim
e nas horas inquietas deste amor
no fumo do cigarro que se espalha no ar
no tremor das minhas mãos quando te aproximas
tenho-te a ti
e a uma vida inteira para imaginar