04 abril 2009

Melancolia 2

"Apenas Veneza era impossível de classificar: alterava-se, era fluida, fundia-se, ora tinha cor de jade e rosa, ora era cor de púrpura suave, quando o pôr do Sol ficava encoberto pelas nuvens. Veneza era o azul de um vestido da Virgem de Tintoretto, o castanho da madeira da Cruz num quadro de Carpaccio; Veneza era a escuridão dos olhos de Isabella, o cor-de-rosa pálido da sua boa, o preto das gôndolas e do sofrimento.
A nostalgia tem a ver com a idade; ele aceita isso, mas lamenta que só na sua mente consiga, agora, encontrar a variedade de cores da vida. Hoje, todo aquele esplendor, o brilho dos lábios, dos olhos e da paisagem, diminuiu e desapareceu na escuridão de um quarto, em Paris, numa noite chuvosa. E ele é um homem velho."

Lee Langley, Uma conversa no Quai Voltaire

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