16 abril 2008

Diálogos mudos



3.
Os nossos corpos respiram intensamente
coroando de luz todos os gestos
todas as marcas que deixas gravadas na minha pele
dia após dia

anoitecemos lentamente
com um cansaço sereno nas pontas dos dedos
renunciamos ao mundo que nos engole
e só encontramos refúgio na subtil desilusão do crepúsculo

temos silêncios nas mãos e o estremecer do coração
a terna escuridão das nossas próprias palavras

temos a ingenuidade deste amor
um sorriso fechado em dias nublados
a tranquilidade lenta com que te aproximas do abismo
aproximamos
diálogos mudos ou jardins distantes

Fotografia de Hugo Gomes

1 comentário:

tchi disse...

respirar veemente
que galardoa de claridade
todos os trejeitos e sinais largados e inscritos na epiderme
cada dia

escurecer paulatino
fadiga calma
renegar ao orbe que deglute
e achar abrigo no leve desengano do ocaso


«diálogos mudos
ou jardins distantes»


seja a voz de ti a abrir-se à beleza do que transportas dentro.


beijinho.