28 abril 2008

Travessias



Registo em silêncios o itinerário da longa viagem
que inevitavelmente terei de fazer
por entre equívocos e ruas cinzentas

pressinto que se aproxima uma despedida
uma porta entreaberta na penumbra da casa
uma respiração lenta que anuncia a manhã

todos os abismos me chegam como vozes dispersas
desejos de eternidade na ponta dos dedos
a vibração do mar que nos leva para longe

nem sempre chegamos a tempo de salvar alguém
que nos habita o peito
e nem sempre as lágrimas preenchem o vazio dentro de nós
ou o amor nos leva as sombras

Fotografia de Todd McDonald

1 comentário:

Joana Roque Lino disse...

pois não, nem sempre as lágrimas, nem sempre o amor... gostei de o ter descoberto.