29 abril 2008

Entre Julho e Novembro

3.


É onde não respiras que a morte me descobre
e pretende apertar-me num casaco de pedra
É onde não respiras Mas rebenta a revolta
com o curto-circuito de uma cadeira eléctrica

É onde não respiras E vou roendo as trevas
à procura da pista de mais um europorto
e daquelas cidades onde só nos conhece
o amor que trazemos entranhado no corpo

Esta noite é tão negra que seria uma estrada
se não houvesse a esperança de aves e aviões
Ou melhor a promessa de uma hora inexacta
Ou melhor a certeza de fugirmos os dois

David Mourão-Ferreira, Do Tempo ao Coração

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