Amanhece devagar
sobe-nos à boca o sabor do medo
da inquietude de perder detalhes
minerais brilhantes nos recantos da memória
sombras atravessam as paredes e os corpos
demoram-se sobre a pele
deixam gravada a sua presença
depois há a fuga para norte
(ou para a noite)
para dias mais frios gestos mais ternos que nos embalam na escuridão
abandonamos as cidades da nossa juventude
deixamos os segredos nos jardins
vestígios de loucura
e regressamos por rios sempre iguais
19 maio 2008
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