19 maio 2008

Rios sempre iguais

Amanhece devagar
sobe-nos à boca o sabor do medo
da inquietude de perder detalhes
minerais brilhantes nos recantos da memória

sombras atravessam as paredes e os corpos
demoram-se sobre a pele
deixam gravada a sua presença

depois há a fuga para norte
(ou para a noite)
para dias mais frios gestos mais ternos que nos embalam na escuridão

abandonamos as cidades da nossa juventude
deixamos os segredos nos jardins
vestígios de loucura
e regressamos por rios sempre iguais

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